ATA DA TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 13-01-2005.
Aos treze dias do mês de janeiro de dois mil e
cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão
Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta
minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Bernardino Vendruscollo, Carlos Todeschini, Elói Guimarães, João Carlos Nedel,
Luiz Braz, Mauro Zacher, Nereu D'Avila e Raul Carrion, Titulares. Ainda,
durante a Reunião, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Ervino Besson,
Maristela Maffei, Maristela Meneghetti e Professor Garcia, Titulares, e Cláudio
Sebenelo, Comassetto, Manuela, Margarete Moraes, Mônica Leal e Neuza Canabarro,
Não-Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Reunião de Instalação e da
Primeira Reunião Ordinária da Comissão Representativa. Do EXPEDIENTE, constaram:
Ofícios nos 428, 429, 503, 504, 505, 506, 507 e 508/04, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre; 156, 157, 182/04, do Senhor Marcos Chagas
Gomes, Coordenador-Geral do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 1402/04, do Senhor José de Jesus
Manzano Martin, Presidente da Câmara Municipal da Estância Turística de Tupã –
SP; Comunicados nos 165089, 169502 e 184744/04, do Senhor José Henrique
Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Ervino Besson, os Pedidos de
Providências nos 015, 018, 019, 020 e 057/05 (Processos nos
0340, 0370, 0371, 0372 e 0477/05, respectivamente); pelo Vereador João Carlos
Nedel, os Pedidos de Providências nos 024, 025, 026, 027, 028, 029,
030, 031, 032, 033, 034, 035, 036, 037, 038, 039, 040, 041, 042, 043, 044, 045,
046, 047, 048, 049, 050, 051, 052, 053, 054, 055 e 060/05 (Processos nos
0380, 0381, 0382, 0383, 0384, 0385, 0386, 0387, 0389, 0390, 0391, 0392, 0394,
0395, 0397, 0400, 0402, 0405, 0406, 0407, 0408, 0409, 0410, 0411, 0412, 0414,
0415, 0417, 0420, 0422, 0425, 0427 e 0486/05, respectivamente) e a Indicação nº
001/05 (Processo nº 0324/05); pela Vereadora Margarete Moraes, o Pedido de Informações
nº 003/05 (Processo nº 0347/05); pelo Vereador Mauro Zacher, os Pedidos de
Providências nos 056, 058 e 059/05 (Processos nos 0429,
0482 e 0484/05, respectivamente). Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel
externou sua preocupação com a falta de carteiros na Cidade, relatando que
procurou a Empresa de Correios e Telégrafos – ECT, a fim de obter explicações
sobre o problema. Ainda, cumprimentou o Vereador Mauro Zacher, sobre a
iniciativa da criação de Comissão Externa para fiscalizar as casas noturnas,
bares e restaurantes na busca de segurança e preservação da saúde dos
adolescentes. O Vereador Adeli Sell manifestou-se contrariamente ao aumento do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS – pelo Governo Estadual,
no final do ano passado, chamando a atenção para o reflexo direto que essa
decisão irá causar na economia gaúcha. Dessa maneira, alertou que uma alíquota
mais elevada no ICMS contribuirá para aumentar o desemprego e asseverou o exagero
na cobrança de tributos incentiva a população a sonegar impostos. O Vereador
Ervino Besson opinou que não aprova aumentos na carga tributária, mencionando
afirmações do Senhor Germano Rigotto, Governador do Estado, no sentido de que o
Projeto de reajuste do ICMS não teria sido enviado para a Assembléia
Legislativa do Rio Grande do Sul se o Governo Federal repassasse ao Estado os
recursos que lhe são devidos, não restando, segundo Sua Excelência, outra
alternativa ao Governador para honrar os compromissos financeiros atuais. O
Vereador Luiz Braz defendeu a divulgação dos arquivos relativos à Guerrilha do
Araguaia, alegando ser importante a procura pela verdade dos fatos ocorridos
naquela época. Sobre o assunto, comentou pronunciamento do Deputado Federal
Jair Bolsonaro, no qual Sua Senhoria comentou a respeito do passado político do
Senhor José Genuíno e outros integrantes do Partido dos Trabalhadores e
questionou as indenizações concedidas a perseguidos políticos no tempo do
Regime Militar. O Vereador Raul Carrion, lembrando ter sido vítima de
perseguições e torturas na época do Governo Militar brasileiro, contraditou o
discurso do Vereador Luiz Braz, em relação aos comentários feitos acerca do
comportamento de integrantes do Partido dos Trabalhadores no período do Regime
Militar. Sobre o assunto, afirmou que a divulgação de arquivos secretos sobre a
Guerrilha do Araguaia é importante para esclarecer os fatos e informar o
destino dos desaparecidos durante aquele período. O Vereador Carlos Todeschini
prestou sua solidariedade ao Vereador Raul Carrion, contestando a manifestação
do Vereador Luiz Braz e citando nomes de políticos de diferentes Partidos, que
foram perseguidos pelo Regime Militar. Também, reportou-se à questão do aumento
do ICMS no Estado, contraditando declarações de Parlamentares desta Casa sobre
a possível falta de repasse de verbas ao Rio Grande do Sul por parte do Governo
Federal. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença da Deputada
Federal Yeda Crusius, concedendo a palavra ao Vereador Luiz Braz, que em nome
da Casa, saudou a presença de Sua Excelência neste Legislativo. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, a Vereadora Mônica Leal enalteceu a presença da Deputada Federal Yeda
Crusius na Câmara Municipal de Porto Alegre e registrou ter participado, no dia
onze de janeiro do corrente, da solenidade de apresentação do Secretário
Municipal do Meio Ambiente, Senhor Beto Moesch. Sobre o tema, informou que o
novo Secretário buscará fortalecer o quadro funcional daquele órgão e priorizar
o diálogo com os ambientalistas. O Vereador Cláudio Sebenelo manifestou sua
satisfação pela visita da Deputada Federal Yeda Crusius, na manhã de hoje,
nesta Casa, afirmando que essa Parlamentar é uma mulher que, com sua dedicação,
lucidez, dignidade e trabalho, defende à altura os interesses do Rio Grande do
Sul no Congresso Nacional. Ainda, solicitou o apoio de Sua Excelência na busca
de maiores conquistas na área da saúde para a população porto-alegrense. A
seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Deputada Federal Yeda Crusius,
que se manifestou acerca de sua visita à Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
dez horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às dez horas e quarenta e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Bernardino Vendruscolo parabenizou o Vereador Mauro Zacher pela iniciativa de
constituir Comissão Externa neste Legislativo, com o objetivo de verificar a
questão da segurança das casas noturnas em Porto Alegre. Também, registrou ter
recebido convite do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, para abertura da mostra
fotográfica “Paris Índia” do fotógrafo desta Casa, Tonico Álvares. O Vereador
Aldacir Oliboni comentou sua intenção de protocolar proposição neste
Legislativo, com a finalidade de que algumas Sessões sejam realizadas periodicamente
em determinado bairro da Cidade, a fim de que haja maior proximidade entre a
comunidade e a Câmara Municipal. Ainda, elogiou a explicação dada pelo Senhor
Pedro Gus, Secretário Municipal da Saúde, informando que as críticas feitas
sobre a saúde pública se referiam ao âmbito Estadual. O Vereador Professor
Garcia abordou o Projeto de Lei de sua autoria, sancionado no final de dois mil
e três, que implantou a sinalização da metragem percorrida em parques e praças
da Cidade, esclarecendo ter solicitado ao Senhor Prefeito Municipal José Fogaça
para que determine a realização dessa marcação pelo menos na Usina do Gasômetro
e no Parque Marinha do Brasil, uma vez que é uma Lei simples de ser cumprida e
que trará inúmeros benefícios para as pessoas. A Vereadora Margarete Moraes
discorreu a respeito da abordagem policial, no Bairro Cidade Baixa, a dois
jovens negros que atrasaram-se para prova do vestibular da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Nesse sentido, argumentou que esse fato é constrangedor e
representa uma demonstração intolerável de racismo, informando que irá solicitar
à Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos a averiguação do
acontecido. A Vereadora Manuela discorreu acerca da importância do 5º Acampamento
Internacional da Juventude, que acontecerá de vinte e quatro a trinta e um de
janeiro do corrente no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Também, criticou a
expansão do sistema capitalista no mundo atual e debateu a determinação da
divulgação dos arquivos secretos referentes à Guerrilha do Araguaia, alegando a
necessidade de que sejam localizados os corpos dos desaparecidos naquele episódio.
O Vereador Comassetto referiu-se à presença, nesta Casa, da Deputada Federal Yeda
Crusius e discursou acerca das questões tributárias em nível federal e
estadual, sustentando que o Governo Federal, no que se refere à Lei Kandir,
está em dia com os repasses ao Governo do Estado. Ainda, apresentou denúncia de
desmatamento na Estrada Retiro da Ponta Grossa, na orla do Lago Guaíba,
solicitando providências da Prefeitura Municipal para que contenha essa
irregularidade. A Vereadora Maristela Maffei posicionou-se criticamente quanto
à gestão dos Senhores José Fogaça e Germano Rigotto, respectivamente Prefeito
Municipal e Governador do Estado, declarando que as idéias defendidas por Suas
Excelências têm a mesma sustentação política e o mesmo fundo ideológico. Sobre
o tema, justificou que, no Rio Grande do Sul, as ações fiscais estão
privilegiando as maiores empresas e penalizando os pequenos e médios
empreendedores. Às onze horas e trinta e quatro minutos, constatada a
inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária da próxima
quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador
Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Nereu D'Avila. Do que eu, Nereu
D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos às
O
Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Raul
Carrion.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, uma das preocupações que têm vindo ao meu
gabinete, e que também estou percebendo nas regiões que visito, é com relação à
falta de carteiros em Porto Alegre. Como denomino muitos novos logradouros,
essas denominações precisam possuir o novo código de endereçamento postal, o
CEP, e o Correio está atrasando a indicação dos novos códigos de endereçamento
postal. Eu também sei de várias regiões, muitas regiões de Porto Alegre, que
não recebem correspondência, porque não existe carteiro. Preocupado com isso,
estive na Direção Regional dos Correios e Telégrafos e lá falei com o seu o Diretor,
o Sr. Larry Manoel Medeiros de Almeida, que disse o seguinte: “Para o Centro de
Distribuição do Sarandi, faltam 22 carteiros”. Lá, da sua região, Ver.
Bernardino, aqueles loteamentos novos, Ecoville, Pôr-do-Sol, Morada da Colina,
o próprio Timbaúva, são loteamentos novos que não dispõem de carteiros para
entregar a correspondência.
Estou
encaminhando à Câmara uma indicação ao Sr. Presidente da República, para que
interceda junto ao Ministério das Comunicações para que este autorize a Empresa
de Correios e Telégrafos a admitir carteiros.
Em
Porto Alegre, faltam 32 carteiros somente em dois Centros de Distribuição, o de
Ipanema e o do bairro Sarandi.
Isso
é muito importante, é questão de dignidade pessoal que os moradores possam -
caro Sidney, que me ouve com atenção -, receber a sua correspondência; não
recebem seus carnês, suas contas, nem a sua correspondência pessoal.
Acredito
que são, mais ou menos, 80 mil pessoas, em Porto Alegre, que não recebem
correspondência.
É
um assunto grave, e solicito providências imediatas para a sua solução.
Queria
cumprimentar o Ver. Mauro Zacher, que fez um Requerimento, solicitando a
formação de uma Comissão Externa para estudar a questão das boates, clubes de
eventos e casas noturnas em Porto Alegre. É uma questão muito séria.
Agora,
Mauro Zacher, recebi um telefonema da sua região – do 4º Distrito – dizendo que
as pessoas não agüentam mais as boates instaladas ali, que funcionam,
normalmente, até o meio-dia do outro dia. É impressionante! As pessoas não têm
mais sossego. Também recebi uma reclamação da mesma Região, dizendo que não
agüentam mais os assaltos que ocorrem ali devido àquelas instalações, devido à
Vila dos Papeleiros, à aglomeração de pessoas que se reúnem no entorno das
boates e dos centros - vamos dizer - de prostituição e de drogas.
Então
é uma questão muito séria, uma questão moral e uma questão de segurança, porque
os assaltos, os arrombamentos e até os estupros ocorrem ali à noite e à luz do
dia. Precisamos de providências. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. Professor Garcia.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, errou
profundamente o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, no final do ano
passado, ao propor as alíquotas de ICMS sobre funções que são fundamentais na
sociedade, como o fornecimento de energia, a questão dos combustíveis e as
comunicações, porque o reflexo é direto sobre o conjunto da economia. Por
exemplo, o setor calçadista já começa a desempregar, fruto dessa aprovação do
aumento da alíquota de tributos.
Aqui,
nesta Câmara, se discutiu, por muito tempo, as alíquotas do ISS. Nós inclusive
diminuímos as alíquotas da tecnologia da informação de 5% para 3%. Um setor
importantíssimo na cidade de Porto Alegre é a tecnologia, e, portanto, nós
fizemos uma diminuição de tributos, e isso, sem dúvida nenhuma, alargará
enormemente a base de cobrança, porque muitas pessoas que estavam na
informalidade acabaram se formalizando, constituindo uma microempresa, uma
pequena empresa, registrando, tirando nota. O aumento de alíquotas sempre é um
convite à sonegação - absolutamente sempre. Por isso, inclusive, eu acho que
foram equivocadas as últimas soluções trazidas, também, pela nossa própria
Receita Federal; os reflexos serão semelhantes. Por isso é que é preciso - e eu
sempre tenho a única e mesma postura - não aumentar alíquotas, formalizar os
informais, cobrar, dura e rigorosamente, os sonegadores.
O
Rio Grande do Sul é o Estado que mais sonega no Brasil. O maior sonegador de
tributos é o Rio Grande do Sul, que tem uma soma de maus pagadores, ou melhor,
não são nem maus pagadores, porque poderiam algum dia pagar alguma coisa, mas
não pagam; pagam assessorias, pagam tributaristas para não pagar; além de
existir a sonegação constituída por grupos inteiros que tem “caixa 1”, “caixa
2”, “caixa 3”, “caixa 4”, “caixa 5”.
Nós,
se formos verificar as contas bancárias de alguma família desses sonegadores,
vamos ver, por exemplo, que a filha tem uma conta bancária, nunca trabalhou na
vida; o filho tem outra conta babilônica; a esposa idem, etc. e tal.
A
Receita Federal, com as Receitas Estaduais, se fizessem cruzamento de contas,
verificariam que este é o País da moleza, onde vive bem, onde ganha muito quem
sonega, quem rouba do público.
Por
isso errou redondamente o Governo do Estado; isso vai trazer enormes prejuízos
para a economia, não haverá aumento de arrecadação se não houver combate à
sonegação. Por isso eu espero que o Governo Municipal não caia nesta questão de
aumento de tributos, e mais, eu dialogava ontem, acho que com o Ver. João
Carlos Nedel, no sentido de que nós precisamos, Ver. João Carlos Nedel, urgentemente,
discutir com o novo Secretário da Fazenda a questão das pendências. Há
equívocos na Fazenda, de cobrança de ISS, de coisas que foram acordadas aqui
nesta Câmara. Com relação às empresas que estavam fora e que voltassem para cá,
nós faríamos a cobrança daquele momento para cá. Várias empresas que tiveram o
bom senso de voltar, porque houve diminuição de tributos, foram multadas!
Pagaram pouco, é verdade, fizeram algo que não deveriam ter feito fora da
Cidade, mas essas boas empresas que voltaram para cá hoje são penalizadas com
multas impagáveis.
Portanto,
nós vamos buscar uma solução, vamos dialogar com o Secretário da Fazenda do
Município para que não aconteça o que aconteceu no Estado, ou seja, o aumento
de alíquotas, porque, Ver. Bernardino, isso é um convite para a sonegação.
Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra
em Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. Nereu D’Avila.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas
galerias e também através da TVCâmara, gostaria de saudar a todos. Ver. Adeli
Sell, quero dizer a V. Exª que eu também não sou favorável ao aumento de
impostos. Só que o nosso Governo Federal, Luiz Inácio Lula da Silva, tem que
repassar os recursos que deve para os Estados. O Governo Federal está devendo
um alto valor aqui para o nosso Rio Grande e para outros Estados. E o
Governador Rigotto foi claro quando mandou o Projeto para a Assembléia
Legislativa; ele disse que, se o Governo Federal pagasse o que deve para os
Estados, ele não mandaria esse pacote para a Assembléia no sentido de aumentar
impostos.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu agradeço. Não sou contra, pelo contrário, acho que quem deve tem
que pagar, o Governo Federal tem que pagar o que deve para o Estado. Agora, é o
seguinte: essa é uma desculpa inaceitável, porque no Rio Grande do Sul não se
combate a sonegação. O Governo atual não fez absolutamente nada; pelo
contrário, não tem automóvel para fiscalizar nas fronteiras, não tem gasolina e
tem a metade de técnicos do Tesouro. O Governo deve resolver os seus problemas
ou parar de chorar.
O SR. ERVINO BESSON: Ver. Adeli, eu quero dizer que, se a
situação está nesse ponto em que V. Exª colocou, não é o Governo atual
totalmente o culpado, porque se o Governo recebe o Estado na situação em que o
Rigotto recebeu, não pode fazer milagre. Veja V. Exª que o valor que o Governo
Federal deve para o Governo do Estado, que não é pouco, não está sendo
repassado. O Governo Rigotto não tinha outra alternativa senão mandar esse
pacote para aumentar os impostos. Como eu disse, não sou favorável ao aumento
de impostos; agora, o Governo do Estado não tem outra saída, já que o Governo
Federal não repassa o que deve para o Estado, colocando o nosso Governo neste
brete em que se encontra, sem recursos para nada, pois, como V. Exª mencionou,
sequer tem veículos para fiscalizar os sonegadores. Se o Governo recebe um
Estado sucateado da forma que recebeu, não pode fazer milagres.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Bom dia, Ver. Ervino, cumprimento V. Exª e os demais Vereadores. Eu
quero contestar a sua opinião, porque não é verdade que o Governo Federal deve.
Essa é uma falsa alegação para produzir fatos midiáticos, de imprensa, porque
não é devido nada pelo Governo Federal ao Governo do Rio Grande do Sul. A Lei
Kandir, inclusive, que teve a oposição do nosso Partido – e nós temos coerência
partidária –, tem seus efeitos, mas todos os créditos alegados e de direito do
Governo do Rio Grande do Sul já foram havidos, assim como os alegados créditos
das estradas, que seriam da ordem de 280 milhões de reais, já foram quitados na
época em que o companheiro Olívio Dutra foi Governador. Esse é um fato
inconteste, reconhecido também pelo ex-Ministro dos Transportes Eliseu Padilha.
O SR. ERVINO BESSON: Vereador, é a sua opinião, mas V. Exª
sabe muito bem que não é realidade o que V. Exª está argumentando no aparte que
lhe concedi com muito prazer. O fato é tão verídico que não só o Governador do
Rio Grande do Sul está reclamando. Há inclusive reclamações de Estados
comandados pelo Partido dos Trabalhadores no sentido de que o Governo Federal
não está repassando os recursos. Não é uma choradeira somente aqui do nosso
Governador Germano Rigotto, outros Estados também estão reclamando o
não-repasse dos recursos pelo Governo Federal, inclusive, repito, onde os
Estados são governados pelo Governo de V. Exª, que é o Partido dos
Trabalhadores. O Governo tem que revisar e tem que tomar uma decisão para que
não aconteça em outros Estados o que aconteceu aqui no Estado do Rio Grande do
Sul. O Governo Federal tem que ter consciência e repassar os recursos que deve
para os Estados. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Mauro Zacher está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) Desiste. O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra
em Comunicações. (Pausa.) A Verª Maristela Meneghetti está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) A Verª Maristela Maffei está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Elói Guimarães, Presidente desta Casa,
Ver. Nereu D’Avila, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e
senhores, eu não havia me manifestado de forma nenhuma, nem a favor nem contra,
com relação ao fato da abertura ou não dos chamados arquivos do Araguaia. Tenho
ouvido os discursos de todas as correntes, mas há um discurso que me chamou a
atenção e que me deixou curioso, e hoje sou absolutamente partidário de que
deve realmente haver essa abertura para que a gente possa conhecer a verdade,
para que a sociedade, no geral, possa conhecer a verdade do que aconteceu
naquela época em nossa história. Por exemplo, o discurso pronunciado no dia 04
de janeiro deste ano, pelo Deputado do PTB, Partido do Presidente desta Casa,
Sr. Jair Bolsonaro, em uma parte do discurso - eu não quero dizer que estou
acreditando ou não, mas esse discurso não foi rebatido, e eu gostaria de saber
a verdade, porque a verdade deve estar naqueles arquivos ou, de repente, até
naquilo que está sendo queimado hoje e que está aparecendo por aí, que nós não
vamos conseguir infelizmente ter conhecimento - ele diz que gostaria que os
arquivos fossem abertos, sim, para conhecer melhor, por exemplo, a história do
José Genoíno, que é o Presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, que
passou alguns anos dado como morto, depois de ter sido detido no Araguaia, para
que os “aparelhos” existentes em São Paulo não mudassem de lugar, e ele,
calmamente, enquanto freqüentava Brasília e São Paulo, pudesse delatar seus
companheiros sem levar um tapa sequer. E ele não levou um tapa, um piparote de
um militar para entregar os seus companheiros.
O
Dep. Jair Bolsonaro quer ver isso, como também faz uma referência - eu acredito
que interessa a todos nós - sobre um Deputado Federal da Bancada Petista, que
está disputando hoje a Presidência da Câmara Federal, o Dep. Luiz Eduardo
Greenhalgh, de que está sofrendo de LER – Lesão por Esforço Repetitivo de tanto
contar dinheiro. Sabe de onde vem esse dinheiro, Ver. Nereu D'Avila? Exatamente
das indenizações fartas, polpudas que hoje estão ganhando aqueles que se dizem
perseguidos políticos. O Governo tinha reservado um bilhão de reais para
indenizar esses tais perseguidos políticos, que ele diz aqui, não sou eu quem
digo, é ele que diz, que muitos desses perseguidos eram, na verdade,
estupradores, saqueadores, bandidos e que não tinham nada a ver com perseguidos
políticos. É o que diz o Dep. Jair Bolsonaro. Seguindo ainda a linha de
raciocínio do Dep. Bolsonaro, que diz: “... queremos ver melhor a história do
Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, um precursor de Bin Laden, pois
lançou um carro-bomba ladeira abaixo em São Paulo, assassinando um soldado do
Exército Brasileiro”. Para esse, o Deputado Greenhalgh resolveu votar apenas
uma pensão de R$ 330,00, enquanto que para o seu assessor foi votada uma
indenização de mais de um milhão de reais. Então, eu fiquei realmente curioso –
muito curioso! – com relação a esses chamados arquivos do Araguaia. Eu gostaria
muito, realmente, de saber o que se encerra, de verdade, nesses arquivos e que
poderia revelar alguma coisa que o Dep. Jair Bolsonaro afirma, dizendo assim:
“... a imprensa está livre há mais de 20 anos em nosso País e tem fuçado a vida
de dezenas e dezenas de militares, mas, até hoje, não encontrou um só coronel,
general ou sargento com dinheiro no exterior ou com bens incompatíveis com sua
renda em nosso País”.
Então,
eu acho que toda a sociedade deve saber o que se encerra naqueles arquivos do
Araguaia, antes que queimem tudo que é memória e que não fiquemos sabendo
absolutamente de nada sobre essa verdade.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em
Comunicações.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras desta Casa,
eu tinha diversos assuntos para tratar, como pedi um aparte ao Ver. Luiz Braz,
talvez ele não tivesse me visto ao microfone ou não quis dar-me o aparte,
obrigo-me, como ex-perseguido político, ex-preso, ex-torturado, ex-exilado,
manifestar o meu repúdio às palavras do Ver. Luiz Braz. Eu acho que suas
palavras, Ver. Luiz Braz, são de revanchismo, V. Exª quer conhecer as
atrocidades cometidas contra o povo brasileiro para ainda tripudiar em cima dos
que foram presos, dos que foram torturados, dos que foram mortos, dos que foram
desaparecidos. Nós, que lutamos para que se esclareça essa página trágica do
povo brasileiro, não o fazemos com o espírito revanchista, não queremos levar
para a prisão os torturadores! Queremos que os corpos dos assassinados sejam
entregues para as suas famílias. Está aqui a diferença: a esquerda, que foi
trucidada, não quer revanchismo; e setores da direita, como esse Deputado Jair
Bolsonaro - que talvez V. Exª não conheça, ex-militar, direitista, fascista -
quer abrir os arquivos para ainda tripudiar em cima dos torturados, ou,
eventualmente, de algum torturado, cujas unhas arrancaram, que lhe deram
choques elétricos nos órgãos genitais e fraquejou, para que ainda dissessem:
“Viu? Este aqui fraquejou e entregou um companheiro”. Eu acho terrível isso. Eu
tenho aqui informações de como esses arquivos estão sendo queimados. Há poucos
dias, o ex-Presidente do Tribunal Militar aqui do Estado, Bonna Garcia, do
PMDB, Ver. Bernardino Vendruscolo, foi lá no Memorial mostrar documentos dessas
torturas. Há poucos dias, me parece que em uma casa de campo do ex-Ministro
Tarso Dutra, foram encontrados papéis comprometedores do tempo da Ditadura
Militar. Pois bem, nós não queremos revanchismo, queremos o esclarecimento,
queremos a história. E ainda temos de aceitar que os setores de direita deste
País pisoteiem em cima, Verª Neuza Canabarro.
Outra
coisa que eu queria dizer é que o atual Governador de São Paulo, José Serra,
ex-Presidente do seu Partido, Ver. Luiz Braz, foi um dos anistiados que recebeu
os benefícios da anistia, furando a fila de pessoas como as que recebi no meu
gabinete, há poucos dias, de 82 anos de idade, que ainda não receberam os
benefícios da anistia, que foi em 1979. Passaram-se 25 anos, vamos para o 26º
ano e, até hoje, o que está na Constituição e o que a anistia, em 1979
determinou, não aconteceu, Verª Neuza Canabarro. Quantos ex-marinheiros,
petroleiros, funcionários públicos, que foram proibidos de fazer concurso, que
foram demitidos arbitrariamente pelos militares e, até hoje, não tiveram os
seus direitos reconhecidos? É verdade que a Lei que hoje fundamenta algumas
indenizações vultosas, Ver. Luiz Braz, uma delas para o José Serra, que furou a
fila, não se justificam, porque aos mortos, a indenização é de 100 mil reais e
há alguns vivos que estão ganhando milhões. Mas a imensa maioria tem direito
aos seus prejuízos de vida na base de 20, 30 ou 50 mil reais; eles tiveram toda
a vida prejudicada e esses não estão recebendo. Essa é a injustiça! São
milhares de pequenos massacrados, presos, torturados, exilados, despedidos,
proibidos de exercer a sua profissão, e para esses o Estado tem que ressarcir
os prejuízos. Se existem injustiças de vultosas indenizações, nós somos contra
também. Que se mude a lei, mas que não se tripudie sobre milhares e milhares
que sofreram, como eu sofri, Vereador, aqui em Porto Alegre, no DOPS, na OBAN,
em São Paulo, no centro de torturas clandestino da OBAN, do Major Ustra, onde
muitos foram mortos. Quando eu estava lá, vi o ex-Vereador desta Casa, Elói
Martins, sendo torturado. Estava eu lá junto com o médico psiquiatra Bruno
Mendonça, também torturado; quase morreu aqui no DOPS, teve uma parada
cardíaca. E dizer que os “presuntos” perseguidos...
Então,
Vereador, lastimo, neste momento, pois eu acho que V. Exª se baseou num
direitoso fascista, que é o Dep. Jair Bolsonaro, para fazer um lamentável
pronunciamento. Fica o meu repúdio. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra
em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, as
minhas saudações. Eu queria fazer das palavras do Ver. Carrion as minhas
palavras, porque é inaceitável que, depois da abertura, das liberdades
democráticas, a gente tenha esse tipo de provocação neofascista, e, como
sempre, alimentando discursos levianos e reacionários daqueles que querem
reproduzir os valores da ditadura, felizmente já soterrados. Quantos daqui do
Rio Grande, quantos daqui desta Casa passaram pelas perseguições, pelos tacões,
pelos grilhões da ditadura? Vejo aqui a nobre Verª Neuza; quantas pessoas do
PDT foram vítimas? Quantos assassinatos do PCdoB, do PMDB? O PT surge já com a
abertura, mas a maior parte das nossas Lideranças foi perseguida, o próprio
Presidente Lula foi preso injustamente por muito tempo, o ex-Presidente
Fernando Henrique Cardoso, quantas e quantas lideranças que pagaram o preço,
inclusive com a morte, pelo regime de intolerância! Porque se montou aqui um regime
e um sistema que criou só privilégios, concentração de renda, que concentrou a
terra, que favoreceu as multinacionais, que criou um sistema de transportes no
Brasil sobre rodovias para favorecer apenas um conjunto de multinacionais, que
implantou a revolução verde - que eram pacotes tecnológicos encarregados de
vender venenos e de vender adubos para dar lucro e atender aos interesses de
meia dúzia. Então é lamentável que ainda tenhamos de ouvir esse tipo de coisa
aqui da tribuna. Nós achávamos que isso era página superada da história.
Em
segundo lugar, eu queria aqui fazer um diálogo muito fraterno com meu amigo
Ver. Ervino Besson sobre a questão dos créditos alegados que o Estado teria em
relação ao Governo Federal. Eu quero fazer um diálogo porque essa alegação, que
o Governador estaria substituindo o aumento de impostos - muito voraz, por
sinal - por créditos que deveriam vir e que não estariam vindo do Governo
Federal, é falsa e ela apenas cria uma nuvem para mascarar a verdadeira
realidade. O que ocorre é o seguinte: a Lei Kandir tem uma dinâmica, uma lógica
que beneficia as exportações. O benefício das exportações implica também um
aumento das importações, e as importações é que são taxadas. E se consegue
importar porque se exporta. E daí vêm os créditos. Então o “bolo” alegado e o
bolo de recursos gerados pelos impostos, pelas exportações, que são isentas -
mas que geram as importações, e as importações, sim, são taxadas com impostos -
formulam uma equação que resulta num montante de recursos que são distribuídos
por todos os Estados do Brasil. E esses recursos são de 50% do alegado,
justamente porque só se consegue importar se a gente exportar adequadamente. E,
portanto, a argumentação recai, e ela é justificada por aquilo que é exportado,
que tem que conceder, abrir mão do ICMS. O que não é verdadeiro, porque se não
se exportasse, não se poderia importar e, portanto, não haveria geração dos
correspondentes recursos.
Então,
o volume de exportações, que é de aproximadamente 90 bilhões de reais por ano,
geraria um bolo de cerca de 9 bilhões em ICMS. Como a metade é de incentivo,
para que se possa exportar, e aí então importar, o volume de recursos é de 4
bilhões e meio de reais, que, em parte, é compensado pelo aumento das
exportações e pelo crescimento econômico; uma outra parte é absorvida pela
União, e outra pelos Estados. Então, a argumentação é absolutamente falsa. Ela
teria sentido, seria de direito - se ela, de fato, existisse -, que o Governo
do Estado acionasse a União na Justiça e pudesse ver esses recursos. Não o faz
porque não existe.
Portanto,
é um discurso absolutamente falso, absolutamente lançador de uma nuvem, de uma
cortina de fumaça para querer confundir a população e a sociedade gaúcha,
partindo da idéia de que poderia haver uma renúncia desse aumento do ICM que
foi aprovado no último pacote. Da mesma forma, as estradas: todos os direitos e
todos os recursos de crédito que são garantidos e que eram devidos pela União
já foram passados. Isso aí é confirmado pelo ex-Ministro dos Transportes Eliseu
Padilha.
Então,
não é verdadeiro, não pode ser alegado, não pode ser justificado, e o povo
gaúcho não pode ser enganado em função de um alegado crédito que é dito que
existe, porém ele não tem fundamento e não existe.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos registrar, para honra da
Casa, a presença de uma ex-Ministra, a Deputada Federal Yeda Crusius. Quero
dizer a V. Exª que se sinta como se na Câmara Federal estivesse.
De
imediato, aqui, peço vênia aos Srs. Vereadores, e dou a palavra ao Ver. Luiz
Braz para que, em nome da Casa, saúde a ilustre presença, aqui no plenário da
Câmara Municipal de Porto Alegre, da Deputada Federal Yeda Crusius.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu tenho certeza
de que sempre que nós recebemos aqui um representante da nossa Câmara maior, a
Câmara de Deputados, nós devemos, realmente, nos sentir orgulhosos, porque,
afinal de contas, nós sempre dependemos do trabalho dos nossos Deputados da
Câmara Federal para que possamos ter uma melhor sociedade, para que a nossa
sociedade possa ser mais progressista. E a Deputada Yeda Crusius tem sido, com
a sua competência, com a sua capacidade, motivo de orgulho para todos nós aqui
no Rio Grande do Sul.
Sr.
Presidente, uma das questões que eu acredito que chamaram mais a atenção nesses
últimos tempos, dentro do trabalho desenvolvido pela Deputada Yeda Crusius, foi com relação ao tema da Varig. Eu
acredito que não existe, hoje, nenhuma discussão feita no território nacional
que possa interessar mais para nós, gaúchos, do que a questão do salvamento da
Varig. E eu sei do trabalho desenvolvido pela Deputada Yeda Crusius - acima de
qualquer ideologia -, no sentido de fazer com que a Varig não passasse para
outras mãos, não se desnacionalizasse, não falisse, não tivesse os seus
funcionários caindo em desgraça, e pudesse, realmente, continuar servindo de
orgulho para todos nós que estamos aqui no Rio Grande do Sul.
Portanto,
Deputada, a senhora que faz jus àqueles 170 mil votos que recebeu para
conduzi-la à Câmara Federal, a senhora que faz jus à representação que faz de toda a nossa sociedade lá na Câmara
Federal, a senhora nos orgulha muito com a sua presença aqui na nossa Câmara de
Vereadores.
A
Bancada do PSDB, eu, o Ver. Cláudio Sebenelo, o Ver. Ismael, nos sentimos
orgulhosos em termos dentro do nosso Partido alguém com a sua estirpe, com a
sua honradez, com a sua dignidade, com a capacidade que demonstra e com esse
amor que a senhora tem pelas questões do nosso Rio Grande do Sul.
Muito
obrigado por estar vindo aqui nos visitar, muito obrigado ao meu Presidente,
Ver. Elói Guimarães, por estar recebendo-a com a pompa que a senhora merece,
porque eu acredito que, chegando aqui neste Parlamento, a senhora realmente é
representante também da Câmara Federal, e aquilo que a senhora disser aqui - e
eu tenho certeza absoluta - também estará falando em nome da Câmara.
Um
grande abraço, minha Deputada, e que a senhora continue sempre defendendo os
interesses de todos nós do Rio Grande do Sul, independente de ideologias. Muito
obrigado, e seja muito bem-vinda a esta Casa.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos agradecer a manifestação do Ver.
Luiz Braz, que o fez em nome da Casa. A Verª Mônica Leal está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MÔNICA LEAL: Sr. Presidente, demais Vereadores, eu
gostaria de saudar a presença da Deputada Yeda, em nome de todas as mulheres do
meu Partido e, tenho certeza, de todos os outros também, e de fazer o registro
da solenidade na qual estive presente, na última terça-feira, de apresentação
do Secretário do Meio Ambiente, Beto Moesch.
O
Secretário Beto Moesch deseja valorizar o quadro funcional para beneficiar
diretamente a sociedade. Afirmou, ainda, que vai buscar o diálogo com os
funcionários de carreira, com ambientalistas, com empresários, secretários e
servidores.
Nessa
cerimônia, o Prefeito José Fogaça, de sua parte, salientou que Beto Moesch é um
nome à altura da tradição histórica de Porto Alegre na defesa do meio ambiente.
Em total sintonia, o Prefeito e o Secretário Beto Moesch enfatizaram a
importância de valorizar, acima de tudo, o quadro dos funcionários da
administração da Secretaria do Meio Ambiente. Afirmou o Secretário que precisa
de uma Secretaria atuante, competente, corajosa para tratar das diferenças da
cidade de Porto Alegre.
Pela
sintonia entre o Secretário e o Prefeito, fica claro que não haverá
interferência partidária nessa Secretaria, ou seja, o Partido da Secretaria do
Meio Ambiente será exclusivamente o “Partido do meio ambiente”, ficando, com
isso, visível que o novo Governo Municipal tem como bandeira a cidade de Porto
Alegre. Obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO:
Sr. Presidente da Casa, Elói Guimarães, que com tanta lucidez está fazendo esse
trabalho magnífico de transição para uma nova Legislatura, para um próximo
quadriênio; ilustre Vereador e ex-Presidente Nereu D'Avila; Exma Srª
Deputada Yeda Crusius, nos visitando; e meu Líder, Luiz Braz; nós, da Bancada
do PSDB, desta nova Bancada que se fez após a eleição de 3 de outubro, temos
uma vinculação muito grande com a Deputada Yeda Crusius na gênesis, na formação
desta Bancada. Muito do trabalho desta Bancada é inspirado e feito na Câmara
Federal, muito da ajuda prestada ao Partido é pela liderança que V. Exª
representa, pelo exemplo, pela dedicação, mas, especialmente, pela lucidez de
uma mulher que ocupa o espaço público, hoje concentrando todos seus esforços
numa questão da nacionalidade. Um Deputado Federal pensa no País como um todo,
e o nosso Rio Grande tem a felicidade de ter Yeda Crusius como Deputada
Federal, que expressa, em pequeno plano, nesta Bancada, que hoje detém a
Secretaria desta Casa, na pessoa do Ver. Luiz Braz, e tem a felicidade de ter
como Vereador o Ismael Heinen como um principiante na Casa, mas uma pessoa
importantíssima na sociedade de Porto Alegre, com obras na área do
cooperativismo e nas áreas sociais de forma muito intensa e, por fim, este
Vereador, ocupando a Comissão de Saúde.
Tenho
a honra de presidir a Comissão de Saúde, da qual participam outros Vereadores como
o Sebastião Melo, como o Dr. Goulart, que é o Vice, como a Mônica Leal, como o
nosso Oliboni que também ocupa o cargo de Vice-Presidente da Casa.
Por
fim, quero dizer que pedimos o seu auxílio e apoio em busca das conquistas para
uma melhora na área da Saúde da cidade de Porto Alegre. Nós vivemos um caos
permanente, e os fracassos do Partido dos Trabalhadores na área social
fazem-nos ir em busca das soluções que são alcançadas pela persistência, pelo
trabalho, mas também pela ideologia. E nós, do PSDB, achamos que a solução é a
sala de aula, que a grande solução é a creche, que a grande solução é o posto
de saúde, e nós, Deputada, que tantos postos de saúde fizemos em Porto Alegre,
e tantas vezes V. Exª foi em busca de recursos e quantas vezes comemoramos
inclusive a inauguração de postos de saúde em Porto Alegre, com uma festa para
a população que tem como satisfação maior a felicidade de usufruir de um
pequeno sonho que é indiscutivelmente essa assistência, essa cobertura e esse
manto protetor que a Saúde pode fornecer, e é por isso que nós vamos lutar.
Por
isso eu venho à tribuna para agradecer e dizer que o Partido da Social
Democracia Brasileira tem o maior orgulho e tem o imenso prazer de recebê-la
nesta Casa, agradecendo ao Presidente pela delicadeza e a atenção que teve com
o Partido da Social Democracia Brasileira e com a nossa Excelentíssima Deputada
Yeda Crusius. Nós queremos dizer que estaremos, aqui, numa trincheira em busca
dessa saúde, em busca dessa felicidade social que há muito tempo Porto Alegre
faz por merecer e que, um dia, será conquistada com o esforço, não só do
Partido, mas desta Casa, e, principalmente dos Parlamentos brasileiros, que têm
de se manter abertos, vigilantes e competentes. V. Exª é um paradigma para nós,
pela sua dignidade, pela sua postura, pelo seu trabalho. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Deputada Yeda Crusius está com a
palavra.
A SRA. YEDA CRUSIUS: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães,
agradeço pela acolhida, como em outras vezes em que pedi espaço na Câmara de
Vereadores de Porto Alegre. Em primeiro lugar, quero saudar esta Legislatura, o
meu Líder, Ver. Luiz Braz, e a Bancada formada pelo PSDB aqui na Câmara de
Vereadores com Cláudio Sebenelo, Vereador-Presidente da Comissão de Saúde, e o
Ismael que, tenho certeza, a Casa não apenas acolherá como terá dele muita
coisa positiva a agregar.
Então
eu venho não apenas cumprimentar a Liderança do Ver. Luiz Braz à Presidência
dessa Comissão importantíssima nesta Casa, que é a Comissão de Saúde, e a vinda
do Ver. Ismael para compor e produzir aqui nesta Câmara, mas para oferecer uma
relação, e nessa relação Ver. Nereu, aqui conosco junto à Mesa, a quem eu
cumprimento, estava também o Ver. Nedel, o Secretário e o 1º Vice-Presidente, e
oferecer alguns documentos para a Casa, os quais entregarei, em mãos, ao
Presidente Elói Guimarães, porque nasce a oportunidade e renasce a oportunidade
cada vez que uma Legislatura se inicia.
Cumprimentando
a todos os Vereadores, portanto, eu venho falar em nome da Executiva Nacional
do PSDB também, da qual sou membro, exatamente para compor os destinos de Porto
Alegre, assim como de outros Municípios, mas os destinos de Porto Alegre
estando juntos, todos os Partidos, assim se comportam quando o interesse é
publico, é o bem público.
Eu
entrego nas suas mãos, Vereador - porque a gente faz as coisas lá em Brasília
e, às vezes, um pouco assustada porque a Varig poderia parar de voar e a gente
não sabe o que viria no lugar da Varig, tudo era nebuloso, era escuro, não era
transparente -, as Emendas que resultaram em realizações na área da Saúde, aqui
para Porto Alegre. De uma maneira voluntária, a nossa ação junto ao Ministro
Barjas Negri para que pudesse estar o Instituto do Diabetes, com aquele
tamanho, dentro do espaço do GHC - que já foi presidido pelo Ver. Sebenelo -,
com equipamentos, investimentos e ações junto a vários hospitais, aqui de Porto
Alegre, que abrigam a qualidade da Saúde de todo o Estado do Rio Grande do Sul,
e se expande.
Nós
somos, na verdade, ponto central de uma área do Mercosul, que nos buscam como
Saúde em vários pontos regionais. Os equipamentos da Santa Casa de Misericórdia
são hoje modelo para toda a América Latina; o Hospital Parque Belém, o Hospital
Espírita continuarão precisando, na área da Saúde, do apoio desta que é uma
parlamentar, que compõe a Frente Parlamentar da Saúde, e batalhamos muito, e
conseguimos a vinculação dos recursos orçamentários da União, através da Emenda
nº 32, para ser colocada, Município, Estado e União, para cobrir um déficit que
havia muito antes, inclusive, da grande evolução no campo da Ciência e da
Tecnologia ligada à Saúde, que torna a Saúde muito cara. Então, eu venho falar
Ver. Sebenelo, para que, como membro da Frente Parlamentar, possa ter acesso na
hora que quiser a tudo que dependa do destino Federal.
Como
o nosso Presidente, Elói Guimarães, disse, às vezes, eu esqueço; claro que
esqueço! Há tanta coisa para fazer que de vez em quando a gente não lembra do
passado. Mas eu inscrevi ao final do ano, Ver. Luiz Braz, algo que Porto Alegre
e a Câmara Municipal têm muito a ver, principalmente na gestão agora de José
Fogaça. É uma questão ligada ao Orçamento. O Orçamento Federal voltou a ser uma
ficção, principalmente no apagar das luzes de 2004, quando nós aprovamos o
Orçamento Geral da União, sempre com muita discussão, é normal, e no dia 29 de
dezembro, aprovamos o Orçamento Geral da União, a Câmara sabe disso, Receita,
Despesa, Fiscalização. No dia 30, uma Medida Provisória aumentou o imposto das
empresas fornecedoras de serviços, para compensar a mudança na tabela do
Imposto de Renda. Eu digo que é ficção, porque foi desprezado o Congresso
Nacional, que aprovou Receitas no dia 29, e no dia 30 uma Medida Provisória
aumentou Receitas, sem dizer qual é a sua destinação. O meu Partido me nominou
- e isso vai acontecer em fevereiro - membro titular, e eu gostaria até de ter
uma posição de destaque à Mesa da Comissão que vai analisar essa Medida
Provisória que já está vindo através do PDT, através do PFL, da nossa
manifestação, produzindo junto ao Supremo Tribunal ações de
inconstitucionalidade, já que foi demais aprovar o Orçamento no dia 29, e, no
dia 30, as Receitas serem aumentadas sem destinação.
Então,
eu quero colocar-me à disposição, porque neste Projeto em que eu me inscrevi em
dezembro na Câmara Federal, o Orçamento deve ser alterado para deixar de ser
peça de ficção. Eu lhe dou as mãos no Projeto de Lei e não quero mais tirar o
tempo desta Câmara de Vereadores de Porto Alegre, pela qual eu tenho o maior
carinho, o maior respeito, e sinto-me, sim, parte dela, não apenas através da
minha Bancada - e não fiquem brabas as eleitas, a minha questão não é
partidária -, a Câmara Municipal de Porto Alegre pode sair em qualquer
fotografia pelo número de mulheres Vereadoras eleitas que hoje tem. Então isso
me traz uma companhia muito boa, e estou colocando-me à disposição de todos os
partidos políticos no Gabinete nº 956, na Câmara dos Deputados. Qualquer que
seja a questão ligada a Porto Alegre, o Gabinete estará aberto,
independentemente de Partido político. E é aí que eu chego à Varig.
Quando,
em agosto, o noticiário de jornal dizia “Fechará a Varig”, nós começamos a voar
na Varig, e a Associação dos Pilotos da Varig e a Associação dos Trabalhadores
da Varig nos procuraram, pois não encontravam abrigo para um projeto de
reestruturação da Varig que a salvasse. Isso em agosto de 2004.
O
projeto havia sido enviado ao Governo, a um Ministro, a outro Ministro, já há
dois anos.
Não
foi por essa razão, mas quero dizer que foi pela razão de ainda não ver
solucionada a questão dos demitidos da Varig, por justa causa, depois de 25,
27, 28 anos de trabalho; por terem feito uma manifestação contra a fusão com a
TAM, em fevereiro de 2003, motivando-me a empreender a criação do Grupo
Parlamentar Misto, de Deputados e Senadores, em defesa da Varig.
Esse
grupo é composto por todos os Partidos políticos, e, por isso, estou juntando
com a questão da abertura do nosso Gabinete para todos os Partidos políticos,
nas áreas que são mais próprias do nosso Gabinete e da nossa especialização.
A
partir daí, o que pedíamos? Primeiro, a Varig em pé! Segundo, transparência no
processo. Porque não havendo transparência, qualquer hipótese vale, inclusive,
a entrega da Varig para um grupo escolhido. E, esse grupo escolhido não tem a
mesma qualidade da Varig. A Varig é internacionalmente a melhor companhia de
manutenção de vôos, não apenas do Brasil, mas vôos estrangeiros vêm aqui fazer
a manutenção a partir da empresa de manutenção da Varig.
O
processo é muito longo, V. Exas podem encontrá-lo no site, onde coloco toda a história, desde
agosto, daquilo que fizemos, mas quero registrar que a solução é republicana, e
a Varig está salva.
Venho,
aqui, informar que, no último dia de ação do Judiciário, quando a gente diz que
“a solução é republicana”, é porque os poderes instituídos são três –
Legislativo, ao qual pertencemos; Executivo, às vezes, pertencemos, às vezes,
saímos dele; e o Judiciário. E o Judiciário postergava uma ação indenizatória
que a Varig tinha contra o Governo pelo período de congelamento das tarifas
durante os vários choques econômicos dos anos 80. Soma quase três bilhões de
reais e se dizia que a Varig devia seis; não deve. Tudo bem, os números estavam
ali colocados.
Eu
fui falar de inopino, como se diz, mas pedi uma abertura na agenda do Ministro
Edson Vidigal, Presidente do Superior Tribunal de Justiça, e fui-lhe dar as
razões - assim como os funcionários da Varig vieram me dar as razões pelas
quais o Congresso deveria se manifestar, já que havia ausência de solução pelo
Executivo -, como Judiciário, e com a mesma emoção em defesa, não apenas da
Varig gaúcha, mas em defesa de uma solução sem privilégios, eu lhe disse: “O
Judiciário não pode postergar, vocês são parte da solução. Ela será uma solução
republicana quando o Judiciário, Executivo e Legislativo estiverem juntos na
construção dessa solução”. Eu conto assim, como cada um de nós é um ser humano,
dependendo da reação que a gente vê no rosto da pessoa, ele baixou os olhos e
disse: “Olhe, vou tentar, mas a decisão da 1ª Turma é postergar para o ano que
vem, porque todos querem marcar posição para a história. Como na semana que vem
é o último dia de trabalho antes do recesso, eu buscarei sensibilizar a 1ª
Turma”. Sensibilizou, repentinamente, de inopino, como se diria, no apagar das
luzes do trabalho antes do recesso, a 1ª Turma deu ganho de causa, por 4 a 1,
para a Varig. Inverteu-se a situação e de credor o Governo passou a ser
devedor, e devedor como foi, honrou, do Fundo de Garantia, da caderneta de
poupança, dos salários. O que foi feito durante os choques econômicos já havia
sido honrado em outros casos, por que não à Varig?
Então,
hoje, os senhores e as senhoras podem ler no jornal O Sul, naquela seção de colunas,
o que fez o Comandante, que eu sei quem é, membro da Associação dos Pilotos da
Varig, abriu o microfone e disse: “Fala o Comandante Fulano” - Fulano no bom
sentido -, apesar - o Jornal O Sul pode trazer as palavras com precisão -, da
sórdida campanha contra a Varig nós vencemos. A Varig está salva.
Essa
é a notícia que venho dar à Câmara Municipal de Porto Alegre, dizendo que se a
gente tem de honrar, como deve o nosso mandato, ser fiel às expectativas que o
eleitor colocou sobre nós, eu creio que o nosso trabalho, que foi coletivo, mas
em especial essa ida ao Ministro Edson Vidigal me faz sentir ter honrado o meu
mandato junto ao Rio Grande do Sul e junto a Porto Alegre.
Estou
às ordens, outra vez, no Gabinete nº 956, agradeço a paciência e agradeço a
amizade com que fui recebida por Vossas Excelências. Obrigada, também, meu
Líder Luiz Braz. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos agradecer a presença da
Deputada Yeda Crusius, inclusive pelas informações que nos trouxe.
Estão
suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 10h45min.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 10h47min): Estão reabertos os trabalhos. Nós
mandaremos xerocar e entregar para todos os Sr. Vereadores o material deixado
pela Deputada Yeda Crusius.
O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, querida Deputada Yeda Crusius, que nos visita,
recebo com muita preocupação e atenção, e estou louvando também, a sugestão do
Ver. Mauro Zacher, que vem sugerir a criação de uma Comissão Externa desta Casa
para que possamos visitar as casas noturnas de Porto Alegre. Acho muito
louvável a idéia do nosso colega, Mauro Zacher, e espero que possamos chegar a
esse objetivo. Evidentemente que com uma preocupação: a de ouvirmos os técnicos
de segurança para que possamos, no momento das visitas, estarmos bem orientados
– nós, Parlamentares – sobre as condições exigidas pela parte técnica da
segurança, sob pena de nós não fazermos esse trabalho como deve ser feito; e
também seria importante ter em mãos uma relação das casas que estão funcionando
com liminar.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero empenhar a minha solidariedade à proposta, inclusive com a
sua orientação. A Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio tem
todos os documentos, tem a lista completa de todas as casas que funcionam com
liminar. É fácil, e nós deveríamos pedir esse apoio técnico, inclusive com a
participação da Secretaria, como o Secretário Idenir Cecchin, que parece já se
prontificou publicamente.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Só para reforçar essa sugestão
do Ver. Mauro Zacher, achamos de suma importância a criação dessa Comissão, que
se propõe a fazer visitas a casas noturnas para ver as condições de segurança
no seu funcionamento.
Também
recebo um convite (Lê.): “O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
convida para a abertura da mostra fotográfica ‘Paris/ Índia’, do fotógrafo
Tonico Alvarez”. O Tonico é o nosso fotógrafo e estará hoje, às 21h nas Salas
Negras do Margs expondo as suas fotografias. Fica aqui o registro e o convite à
sociedade. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra
em Comunicações.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, inicialmente eu quero falar de um Projeto de Lei
que nós estamos elaborando e que é de extrema importância para que possamos nos
aproximar da comunidade.
Durante
a campanha e durante o nosso mandato, percebemos que é muito difícil a
comunidade se aproximar do Parlamento, por questões óbvias. As pessoas
trabalham em horário comercial, como nós, aqui, exercemos este papel
preponderante no mesmo horário em que a maioria dos cidadãos e cidadãs também
trabalham. Evidentemente que, se nós tivéssemos a possibilidade de estender uma
Sessão Plenária da Câmara a uma determinada comunidade, num clube, que tivesse
o interesse de aproximar este Parlamento numa Sessão deliberativa,
possivelmente muitas e muitas coisas seriam resolvidas naquela Sessão Plenária
junto com a comunidade interessada em resolver os problemas da sua região e da sua
comunidade. Este projeto de lei que estou elaborando, acredito que vem a
atender uma expectativa daqueles cidadãos que, muitas vezes, vêm aqui e
criticam, não sabendo como as coisas funcionam. Evidentemente que teremos a
oportunidade de – e tenho a concordância da Mesa –, uma vez por mês ou uma vez
a cada dois meses, três meses, e assim por diante, chegar à comunidade, uma vez
que elas apresentassem interesse, para poder ajudar a resolver os problemas
daquela região. Tenho a certeza de que aquelas pessoas que ali vão participar
vão trazer pequenas demandas, que, muitas vezes, não têm retorno do Poder
Executivo ou não as conseguem aprovar no Orçamento Participativo, ou que
confundem determinadas demandas que acham que, na sua opinião, devam passar
pelo OP. Evidentemente que há pequenas coisas do dia-a-dia que não têm a
necessidade de fazer essa tramitação ou fazer um processo de disputa interna no
OP, e nós temos o dever de democratizar esta Casa nos aproximando, dando a
orientação definitiva do que é um PP, por exemplo, Pedido de Providências, que
muitos Vereadores fazem nesta Casa e que a comunidade poderá fazer diretamente
naquela Sessão Plenária definida no seu bairro.
Então,
acredito - e por isso solicito o apoio dos Vereadores - que, quando esse projeto
tramitar, possa ter o apoio de todos para que a Mesa possa revezar-se para
coordenar essas Sessões Plenárias nas comunidades. Este projeto já está em
execução em inúmeras Prefeituras e Municípios do Interior, e a cidade de Porto
Alegre pode ter também como uma referência de aproximação da sua comunidade com
o Parlamento, através dessas Sessões que poderão ser feitas nos seus bairros.
Eu quero também abordar
que, recentemente, aqui, nós fizemos uma critica ao Secretário Municipal da
Saúde, Pedro Gus, sobre a sua manifestação em um órgão de imprensa da Cidade,
dizendo que ele começaria do zero na questão da Saúde Pública, e, logo, no dia
seguinte, ele corrigiu sua posição, dizendo que se referia ao Governo do
Estado. Nós, nesses longos 16 anos, implementamos um extraordinário avanço na
questão da Saúde Pública, ao contrário do que apresentou o Governo do Estado,
principalmente nos últimos dois anos, que não aportou recursos suficientes para
viabilizar, ou até mesmo para dar a contrapartida a todos os cidadãos e cidadãs
que vêm do Interior. Estava certo Pedro Gus quando disse que, realmente, o
Sistema Estadual de Saúde, além de não funcionar, não aporta recursos
financeiros para viabilizar a ampliação desse serviço em Porto Alegre. Então,
neste sentido, nós queremos elogiar a sua manifestação na medida em que ele
mesmo reconhece que o Governo do Estado deve fazer muito mais do que está
fazendo - isto é, nada - para a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, no final de 2003, foi aprovada uma lei, de
nossa autoria, que obriga que todos os parques e praças públicas tenham um
local de metragem. Esse local de metragem é para as pessoas que fazem atividade
física, ou seja, uma caminhada, uma corrida, saberem quantos quilômetros estão
percorrendo durante a sua atividade física. As pessoas normalmente sabem
quantos minutos caminharam ou correram, mas não sabem quantos quilômetros
percorreram. Então, esta Lei, quando foi implantada no final de 2003, por
ocasião de 2004, em alguns parques e praças, já começaram a execução e a
respectiva pintura. Nós ingressamos hoje com um pedido ao Prefeito para que,
pelo menos em dois locais - a Usina do Gasômetro e o Calçadão de Ipanema, já
que estamos em pleno verão - seja agilizada a execução da metragem, porque hoje
milhares de pessoas caminham desde a madrugada - por volta das cinco horas,
quatro e meia, já há pessoas caminhando, e, se nós notarmos, à uma hora, duas
horas da madrugada também há inúmeras pessoas caminhando, correndo na nossa
orla do Guaíba. É uma Lei simples, mas que beneficia aquelas pessoas que
cultuam a questão da atividade física, alguns diariamente; outros de forma
sistemática, duas ou três vezes por semana, ou até mesmo aqueles que fazem o
seu footing de maneira eventual.
Então,
o que estamos solicitando é que o Sr. Prefeito, por intermédio da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, coordenada hoje pelo Secretário e Vereador Beto
Moesch, otimize essas áreas da Usina do Gasômetro e do Calçadão de Ipanema.
Dentro
de duas semanas, Porto Alegre vai receber mais de 50 mil pessoas para o Fórum
Social Mundial, evento que - estima-se - poderá alcançar uma participação de
130 a 150 mil pessoas, e nada mais justo e belo que esta nossa orla tenha esses
sinalizadores indicativos de 100 em 100 metros, para que as pessoas possam, ao
fazerem as suas caminhadas, as suas corridas, saber quantos quilômetros estão
percorrendo. Não estamos pedindo ainda - mais adiante vamos fazê-lo - que pelo
menos o espaço após o Estádio do Internacional também seja refeito o calçamento,
porque hoje ele está totalmente danificado, com buracos, e nós temos,
inclusive, relatos de pessoas que, ao fazerem a sua atividade física, tiveram
torções. Então, isso também não é salutar para o processo, e a orla do Guaíba,
sem sombra de dúvida, é um dos lugares mais contemplativos, e próprio para o
turismo, também, da cidade de Porto Alegre.
É
em cima disso que nós estamos fazendo este apelo: o cumprimento da Lei, mas
sabemos que o cumprimento da Lei tem que ser executado de forma gradativa, e,
por isso, quando da sua aprovação, nós acordamos com o ex-Prefeito João Verle
que, primeiro, as novas praças seriam implantadas imediatamente; as outras, aos
poucos. Mas hoje, em Porto Alegre, são milhares e milhares de pessoas que fazem
uma atividade física, atividade física que, num primeiro momento, era observada
e visada mais como forma de estética, mas que hoje é feita como conceito e
qualidade de saúde.
Por
isso nós esperamos que o Prefeito José Fogaça tenha essa sensibilidade e, de
forma imediata, comece a sinalização da orla do Guaíba, mais especialmente a
Usina do Gasômetro e o calçadão de Ipanema, para a confecção do local de
metragem. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Margarete Moraes está com a
palavra em Comunicações.
A SRA. MARGARETE MORAES: Exmo Sr. Presidente, querido
Ver. Elói Guimarães, é a primeira vez que me manifesto na tribuna depois de
deixar a Presidência desta Casa e quero dizer que o faço com muita alegria e
com muita honra por voltar ao lado da Bancada do meu Partido, ao lado da
Bancada da Frente Popular, ao lado dos Vereadores e Vereadoras desta Casa. Eu
creio que vou trazer uma reflexão aqui que não está nem minimamente superada,
mas que é uma reflexão muito incômoda, muito perturbadora e, por isso mesmo,
ela é necessária, que é uma constatação, uma tristeza, sobretudo uma denúncia
de um fato, que não é uma interpretação, mas que é um fato histórico e que vai
entrar para a história da infâmia do povo negro na cidade de Porto Alegre.
Infelizmente,
é importante nós voltarmos a esse assunto. Trata-se de dois jovens, o Willian e
o Cristian, de 17 e de 24 anos, que iam fazer vestibular no bairro Cidade
Baixa, na Escola Leopolda Barnewitz – uma escola em que, por coincidência, eu
já trabalhei – e que foram impedidos de prestar a sua prova no vestibular
naquele dia, Ver. Comassetto, porque a Brigada Militar lhes fez uma abordagem,
não aceitando que dois jovens estivessem atrasados e por isso estavam correndo.
Qual foi o crime que eles cometeram? Eles corriam para chegar a tempo no
vestibular. Eles tentaram convencer a Brigada Militar e mostrar o cartão que os
identificava como vestibulandos, isso não foi aceito, os portões foram
fechados, e inclusive as autoridades da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul não permitiram a sua entrada.
O que me espanta e que me traz a esta
tribuna hoje é que nem um pedido de desculpa, Ver. Todeschini, nem um
reconhecimento do erro houve. Inclusive, Ver. Bernardino, no seu depoimento, o
brigadiano diz que eles estavam atrasados, porque a abordagem foi às 8h32min,
não foi às 8h30min, foi às 8h32min! Como é que naquele momento ele conseguiu
olhar no relógio? E eles disseram que, devido à localização, a Cidade Baixa, é
um local de muita violência, de muitos assaltos, isso era um procedimento de
rotina.
Na
verdade, eu não quero culpar esses policiais que fizeram isso individualmente,
porque eu acho que eles traduzem, com a intenção e o gesto, o medo que a
sociedade tem da violência. Mas esse sentimento que realmente existe também se
confunde com um sentimento de repúdio, de uma intransigência com pobres, com os
motobóis, com os rappers, com aquelas
pessoas que andam malvestidas. E esses dois jovens não estavam malvestidos,
eles estavam vestidos de acordo com a sua tribo, como os jovens se vestem, eles
estavam indo para o fazer o vestibular. Eles estavam bem vestidos e foram
impedidos de mostrar o cartão de identificação do vestibular. Então, nós
chegamos à conclusão de que isso aconteceu porque eles eram negros, e é esse o
fato que é constrangedor, Ver. Raul Carrion, V. Exª que tem uma história, uma
análise sobre a questão dos Porongos, sabe a história da infâmia do povo negro
no nosso País, V. Exª vai acrescentar mais um fato; infelizmente, esses fatos
ainda continuam acontecendo na história do Rio Grande do Sul.
O
que me deixa constrangida é que uma instituição que foi criada para dar
segurança é uma instituição segregacionista; uma instituição que deveria
facilitar o acesso à cultura, à educação, ao conhecimento, ao mundo da
universidade e da ciência.
O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Quero rapidamente, Vereadora, parabenizá-la pelo seu
pronunciamento e dizer que, no dia de ontem, a minha Líder - e por isso me
senti representado - também tratou do assunto. É uma questão de racismo
explícito. Creio que as manifestações que esta Casa tem feito pela unanimidade
de suas Bancadas contribuem para que enfrentemos esse grave problema. Muito
obrigado.
A SRA. MARGARETE MORAES: Obrigada. É importante enfrentar essa
questão, porque, no momento em que a instituição não reconhece o seu erro, o
fato se torna um símbolo do medo, uma sombra da opressão.
Eu
quero salientar que as pesquisas dizem que nem todas as vítimas de violência na
adolescência se transformam em marginais, em pessoas violentas, mas que todos
os marginais, sim, tiveram uma experiência traumática na infância, tiveram uma
experiência traumática na adolescência. E posições como essas ajudam a produzir
apatia, indiferença, violência e a barbárie.
Só
para concluir, Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, eu quero dizer que eu vou
participar da CEDECONDH, da Comissão de Direitos Humanos, sob a presidência do
Ver. Ervino Besson, e acho que essa Comissão terá a obrigação de ouvir esse
caso para que nunca mais se repita a questão do homem errado, a questão ainda
que vem da Guerra dos Farrapos, toda essa história que o Rio Grande do Sul tem
e que demonstra um grande racismo, sobretudo das instituições oficiais. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. MANUELA: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, população que nos assiste pela
TVCâmara, eu venho aqui hoje para falar de um tema de extrema relevância para a
cidade de Porto Alegre, para a juventude de Porto Alegre, que é o 5º
Acampamento Intercontinental da Juventude, que se vai realizar de 24 a 31 de
janeiro, aqui nas proximidades – a gente pode dizer, inclusive, no pátio da
nossa Câmara, pela proximidade física em
que se encontra – e que vai reunir, estima-se, 50 mil jovens dos cinco
Continentes, num evento marcado por cinco eixos de discussão, que, acredito,
extremamente importantes para os debates que esta Câmara começa a fazer.
Inaugura, sobre a própria Secretaria de Juventude, que são os debates da saúde,
da cultura para a juventude, da comunicação e do conhecimento livre, dos
direitos humanos e da livre orientação sexual. Temas que se enquadram no
assunto hoje abordado pela querida Verª Margarete Moraes sobre o preconceito a
esses dois jovens, sobre a questão dos movimentos sociais e das lutas globais.
Esses são os cinco eixos que permeiam o debate nesse 5º Acampamento da
Juventude.
Desses
130 mil jovens participantes, aos quais se referiu o Ver. Garcia, 50 mil,
estima-se, estejam situados, passem pelos alojamentos do Acampamento da
Juventude. Esse acampamento surge não para ser um simples espaço, ou uma
simples cidade-dormitório, mas tem como pressuposto apenas um, Ver. Elói, não
todos os temas da abrangência do mundo atual, mas um tema que unifica esses
jovens dos cinco continentes, que é a questão da possibilidade de construirmos
um outro mundo, um mundo de igualdade, um mundo de paz, um mundo onde a guerra
– essa guerra imperialista dos Estados Unidos – não mate milhares de jovens,
milhares de patriotas de inúmeros países que tentam resistir à ocupação de suas
pátrias. Nada é mais soberano do que um povo.
Nós assistimos, hoje podemos ler nos
jornais da nossa Cidade, que as buscas por armas no Iraque terminam sem êxito,
ou seja, o argumento para essa guerra, que é chamada pelo Presidente Bush, pelo
Bush filho, de guerra preventiva, na realidade reflete simplesmente a política
de morte do império, a política que assassina sem nenhum argumento lógico. O
argumento inicial era qual? Era o de que existiam, naquele país desprovido de
recursos que era o Iraque, armas de destruição em massa. Pois bem, passou o
tempo, e aqui nós vemos que o chefe dos caçadores de armas, Charles Duelfer,
voltou para os Estados Unidos sem que nenhuma arma de destruição em massa fosse
encontrada. Qual é, então, o verdadeiro motivo dessa guerra senão os poços de
petróleo? Senão a fome de um sistema capitalista que enfrenta a maior crise da
sua história, da sua própria existência, e que mata milhares por dia, por
semana, por hora? Isso está instalado e ocupa aquele país sobre o qual nós,
algumas vezes, ainda ouvimos dizer que pessoas resistem e tentam defender a sua
nação. E esse é um país que, embora muitas vezes reflitamos e nos perguntemos
qual a origem de tanta violência interna naquela região, tem no seu povo, sim,
o aspecto mais soberano.
Portanto, todos os que são democratas,
todos os que são humanistas dizem não a essa guerra, mas dizem, também, sim à
abertura dos arquivos da ditadura militar em nosso País, e eu vinculo esse tema
aqui, porque, para mim, a temática da paz e da construção do novo mundo passa,
sim, pela abertura dos arquivos da ditadura, para que possamos construir a
democracia verdadeira no Brasil. E é inadmissível, dói, realmente, quando nós
escutamos palavras em caráter tão revanchista.
Eu
não vivi o período da ditadura militar; eu, por sinal, não lastimo nem um pouco
ter nascido em outra época, porque assisto, dia a dia, aos meus camaradas darem
relatos das circunstâncias pelas quais jovens ainda, idealistas, acreditando
que podiam construir um novo mundo - como ainda podem -, viam os seus amigos,
os seus companheiros, as suas companheiras sendo retirados dos lares; viam a
destruição das suas famílias e daquilo que faziam de mais nobre, e viam a
interrupção dos seus estudos; viam,
sim, a destruição da pátria que queremos construir, da nação que queremos
construir. Mas, mesmo assim, nós, os progressistas deste País, não
reivindicamos a abertura, como disse bravamente o meu camarada Raul Carrion,
por revanchismo, mas, sim, por amor a este País e por acreditarmos que, sim,
devemos deixar em paz aqueles que tombaram no Araguaia, mas devemos deixá-los em
paz com seus corpos enterrados, com as sua famílias sabendo onde estão, por
quais procedimentos passaram e por que, por quais razões foram degolados – sim,
eles foram degolados -, e essa é a verdade que encontraremos quando formos
abrir os arquivos da ditadura militar. Com muito orgulho, Ver. Elói, como fiz
no primeiro dia em que ocupei esta tribuna, repito aqui que a justiça tarda, tarda mas não falha, e a juventude daquele
Araguaia, das margens daquele rio Araguaia, há de ver este País democrático, há
de ver a construção da nossa Nação soberana. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
José Ismael Heinen está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Ibsen Pinheiro
está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Elias Vidal está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) O Ver. Comassetto está com a palavra em Comunicações.
O SR. COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães,
prezados colegas, Vereadores e Vereadoras desta Casa, prezados assistentes, não
poderíamos nos furtar de deixar o nosso cumprimento à Deputada Yeda Crusius,
que aqui esteve nos visitando e, na sua intervenção, como uma Parlamentar de
oposição ao Governo Lula, fez um reconhecimento público da eficácia e da
eficiência das políticas públicas do nosso Governo Federal quando se referiu à
nossa querida e potencial Varig. Que a Varig está salva é verdade; a Varig está
salva por uma iniciativa do nosso Governo Federal, tendo à frente da
coordenação dos trabalhos o Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu. Este
reconhecimento público de uma Parlamentar de oposição aqui nesta Casa a
respeito da visão clara do Governo Lula, da eficiência, da eficácia da gestão
que o nosso Governo Federal está desempenhando tem que ser visto como uma
postura de sinceridade, uma postura de reconhecimento da atuação do Governo
Federal e das suas políticas de gestão e de implementação, um reconhecimento da
sua capacidade de resolver problemas que se arrastam por décadas.
Ao
mesmo tempo queremos falar - e o debate já se instalou aqui nesta Casa - sobre
as questões tributárias em nível federal e estadual. Acabamos de distribuir um
texto a todos os colegas falando sobre a compensação pela desoneração das
exportações - esse tema está sendo conduzido pelo Governo Federal. E temos que
acabar, aqui, com a falácia de que o Governo Federal está devendo aos Estados
do ponto de vista dos recursos das exportações ou dívidas da Lei Kandir. O
Governo está em dia. Portanto, o Governador Rigotto e a sua base de
sustentação, a mesma que dá sustentação ao Governo Fogaça, têm de reconhecer
que a política do Rio Grande do Sul é uma política que está sendo favorecida
pela política federal, pois, com o aumento das exportações, sim, aumentaram-se
as exportações e, com isso, também se aumentou a arrecadação tributária por
intermédio do ICMS. E diga-se mais: tem-se de reconhecer que a arrecadação
cresceu ainda mais com o aumento tributário que acabou de ser aprovado no
Governo do Estado, taxando principalmente as pequenas e médias empresas. Isso
tem que ser dito, e esse texto que distribuímos, Sr. Presidente, é justamente
para contribuir com esse debate.
Não
posso me furtar, aqui, de trazer os temas referentes à nossa esfera municipal,
contribuindo com a intervenção que fez a nossa colega Verª Mônica Leal.
Como
ambientalista, falo desta tribuna e defendo, sim, que as questões ambientais,
sejam elas municipais, estaduais ou federais, não devem-se restringir à
política de nenhum Partido; deve haver, sim, uma política que proceda da
sociedade. E nós teremos que contribuir para que se constitua, cada vez mais, a
cultura ambiental, do ponto de vista de todos os procedimentos.
Srs.
Vereadores, prezada Líder Maristela Maffei, acabamos de protocolar um Pedido de
Diligências à Secretaria Municipal do Meio Ambiente para que agilize a sua
ação, porque desde o dia 1º deste ano, quando lá assumiu, na noite de reveillon, no dia 31 para 1º de janeiro,
na estrada Retiro da Ponta Grossa, nº 6.400, está havendo uma intervenção
criminosa, onde estão desmatando, cortando árvores que fazem parte da
remanescente Mata Atlântica existente em Porto Alegre: espécies nativas de
guajuviras, angico, açoita-cavalo, figueiras e outras espécies vegetais que nós
temos de defender e manter em Porto Alegre como um remanescente de um potencial
ambiental. Pois lá, desde o dia 1º, os moradores já pediram, foi encaminhado
diversas vezes à Secretaria do Meio Ambiente, e pasmem, Ver. Professor Garcia,
que veio aqui trazer a sua defesa da orla do Guaíba, essa área fica junto à
margem do Guaíba! Ontem, com máquinas, retroescavadeiras e dentro do rio, em
direção à mata, rompendo lá as pedras, tirando os matacões de granito,
remanescentes de 650 milhões de anos, que são a estrutura granitóide que formam
os nossos morros de Porto Alegre. Novamente foram pedidas providências à
Secretaria do Meio Ambiente, e, até o momento, nada aconteceu. Portanto, falo
aqui à Bancada que dá sustentação ao Governo Municipal, ao nosso colega Ver.
Beto Moesch, porque, talvez, ainda não tenha chegado a ele o entendimento da
gravidade desse problema. Já está na Secretaria do Meio Ambiente, através do
plantão, desde o dia 1º de janeiro deste ano, no mesmo dia em que iniciou a
nova gestão. Sabemos, sim, que há dificuldades até tomar par e ciência de todos
os potenciais e os problemas que se tem na Cidade, mas já se passaram 13 dias,
e o crime continua avançando e acontecendo.
Portanto,
essa postura de criarmos a cultura ambiental, colega Verª Mônica Leal, é um
compromisso, sim, de toda a nossa Bancada e de todos os Vereadores. Nós temos
de constituir em Porto Alegre, cada vez mais, a cultura ambiental, em que não
venhamos a defender simplesmente remanescentes da floresta ou simplesmente
ilhas de parques; nós temos de fazer com que toda a Porto Alegre, com que todos
sejam vistos, tratados e agidos como um parque na sua relação e nos seus
potenciais sociais e ambientais. Nesse Pedido de Providências, esperamos, sim,
que hoje se consiga conter esse crime ambiental que está acontecendo e está se
aprofundando dentro de Porto Alegre, na nossa orla do Guaíba, descaracterizando
um potencial. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Brasinha está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) A Verª Maristela Maffei está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, eu ia tecer um assunto em relação às questões
que dizem respeito à Administração de Porto Alegre, até porque, vejam, senhoras
e senhores que estão nos assistindo pelo Canal 16 e o público aqui presente, me
parece que nós temos de dar uma mãozinha ao novo Prefeito que assumiu no dia 1º
de janeiro, porque, ou ele não vai dar seqüência àquilo que ele prometeu na
campanha ou ele está com dificuldade inclusive de introduzir a questão do
Estado mínimo que é um viés ideológico que ele segue desde a época de Fernando
Henrique, depois de Britto, agora com o Governador Rigotto, e implementar,
porque se sabe que não dá para servir a dois senhores e a duas senhoras, e nós
sabemos exatamente qual é a linha e como funciona, afinal de contas o Brasil
tem 507 anos e Porto Alegre tem 232 anos.
Em
âmbito Federal, nós estamos há três anos e ficamos apenas 16 anos nesta Cidade,
fazendo a nossa parte, porque não somos os donos do Estado, nós estamos a
serviço, por isso a interlocução que tínhamos no sentido da tratativa entre o
poder popular e as esferas, as instituições implementadas, e que nós lutamos
para que elas continuem legítimas.
Mas
vejam bem, senhoras e senhores, aqui tentam fazer uma “cortina de fumaça”. Não
se discute, por parte da grande maioria do continuísmo de FHC, de Britto, do
Governador Rigotto, do Estado mínimo, as políticas do Estado, Verª Margarete,
não se discute mais aqui - aliás, os meios de comunicação da grande imprensa
também - o fato da questão do incentivo, através do Fundopem, às cinco maiores
empresas deste Estado, e, em conseqüência, acabaram com a política da questão
do pagamento, do aumento do funcionalismo público.
Eu
coloco uma questão prática: dá-se vantagem aos grandes salários e acabam... E
aqui estão servidores públicos municipais, um temor muito grande que nós temos
é que eles disseram que voltarão a pagar a bimestralidade, e o meu grande medo
é que não irão fazer isso e também, daqui a pouco, vocês estarão pedindo
financiamento para o 13º salário. Foi isso que aconteceu no Estado!
Qual
foi a opção do Governador Olívio Dutra? Foi de cuidar, realmente, dos
despossuídos, reequilibrar a questão do funcionalismo, pagando primeiro,
realmente, a quem serve a este Estado, investindo nos pequenos e médios
produtores do nosso Estado. O Governador Rigotto fez o contrário e, hoje, o
funcionalismo paga por isso.
Os
grandes continuam cada vez mais sendo servidos e ainda teve gente ontem aqui,
como o Ver. Luiz Braz e o Ver. Sebastião Melo, dizendo que nós cuidamos dos
pequenos, mas molhamos as mãos dos grandes. Quem molhou a mão dos grandes
através do Fundopem? Quem molhou as mãos dos grandes através do aumento do
ICMS? Como foi a vergonha daquela Lei que foi, agora, aprovada. Penalizaram,
primeiramente, a questão do funcionalismo público estadual através do
empréstimo do Banrisul. Agora, com essa nova Lei, estão acabando, dizimando com
a classe média, através do aumento da gasolina, da questão da telefonia e todos
outros insumos, acabando com o incentivo da pequena e da média empresa,
inclusive das grandes que são defensoras do Estado mínimo, mesmo elas que foram
a base financeira de sustentação da campanha do Governador Rigotto, da campanha
do Prefeito Fogaça, hoje também, certamente, estão arrependidas.
Ao
contrário do que dizem aqui, se não fosse o Presidente Lula com suas políticas
internacionais, sua postura de grande Líder, de articulador das políticas
econômico-financeiras do nosso País, hoje estaria completamente engessado tanto
o Estado como o Município, mas, através dos investimentos nas questões sociais,
das exportações e importações dá-se uma oxigenação na área econômica deste
País, deste Estado e deste Município.
Fica
muito claro, Sr. Presidente, e foi dito aqui por outros Vereadores: o fundo de
compensação das exportações, com valor total em torno de 6,5 bilhões de reais,
valor muito próximo ao que hoje é repassado aos Estados por conta da Lei nº 114
de 2002, Lei substituta da Lei Kandir, que deixou de compensar os Estados em
2002, e por conta da Lei nº 10.996 de 2004 que criou a contribuição pelo
esforço de exportações. Ambas as Leis foram iniciativa do Governo Lula; a
primeira foi uma solicitação do então Presidente eleito para que os Estados não
ficassem sem recursos em 2003; e a segunda Lei foi acordada, liderada inclusive
pelo Governador Rigotto, quando da aprovação da primeira fase da Reforma
Tributária no Congresso no final de 2003.
Portanto,
senhoras e senhores, nós temos que recolocar as coisas nos devidos lugares. A
direita desta Casa, que é a posição no Estado e no Município, tem que se dar
conta de que não vão trazer para cá um tema como uma “cortina de fumaça” para
esconder a verdade do seu viés ideológico do Estado mínimo.
E
para concluir, eu quero dizer que quem morreu nos porões da Ditadura Militar
fomos nós. Quem morreu na dor da Ditadura Militar, ao lutar pelo Estado de
Direito, foram aquelas pessoas honestas e sérias; não foram aquelas pessoas que
vêm aqui nesta tribuna e que saíram das bases do PTB e que hoje estão na esfera
de Partidos como o PFL, e outros Partidos como o PSDB, que foram precursores da
orientação do Sistema Internacional em toda a América Latina com a
implementação da Ditadura Militar, porque lá se estabelecia, pela tortura, a
questão do Acordo de Washington e tantas outras questões econômicas, pela
orientação da indústria bélica, pelo FMI e pelos setores da OMC. Concluindo,
Sr. Presidente, quero trazer aqui este debate para que o façamos com a
envergadura necessária, com a seriedade necessária de homens e mulheres
públicos que somos. Obrigada, Sr. Presidente, pela tolerância, pois é um tema
que temos de discutir todos os dias. Obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não há mais inscritos. Estão encerrados
os trabalhos da presente Reunião.
(Encerra-se
a Reunião às 11h34min.)
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